segunda-feira, 27 de junho de 2011

DIVAGAÇÕES E CONSIDERAÇÕES 1.

A práxis me força a fazer a barba, terei eu que proceder metodicamente nesse ato cotidiano de higiene pessoal? Haverá um telos maior nesse proceder além da pretensão de aparentar e apresentar uma boa aparência? Arre!!! Sei que há intenções em tudo, que não existe ato despretensioso e, que a vaidade é uma velha companheira de nós homo sapiens cujo ego é irmão congênito do pavão... Que a filosofia e as ciências em sua nobreza pretendam conhecer a verdade é algo que devemos fazer justiça a estas. Se elas a encontraram é outra questão. O fato é que na busca da verdade, se estabelece uma verdade eterna e imutável, certa e dogmaticamente inquestionável, é uma atitude única e exclusivamente movida pela vaidade e pelo fisiológico sentimento de mal estar que o desconhecido nos causa, posto que o que é da ordem do confuso e do misterioso deve ser descartado e repelido, mas pelos motivos acima expostos como afirmara Nietzsche. (Crepúsculo dos ídolos, cap. 6, PP 43-44, Ed. Companhia das letras 2006.)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

DIVINUM VINUM

A vida é o melhor afrodisíaco,um vinho nobre e divino a ser degustado de acordo com o paladar (exigente, refinado ou não)de todos aqueles que conseguem antever a sua real grandeza, tal como o ser parmênídico a vida basta a si mesma... E de uma vez por todas, são sempre os tolos que sempre vivem a se perguntar pelo valor e o sentido da vida, pois a vida é o tudo é um de si mesma. embriaguemo-nos meus amigos com esse nobre vinho cuja safra é sempre nova, rara e indizivelmente deliciosa, sejamos somalieres da vida...um brinde!!!more, and more!!! divinum vinum vitae semper!!!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

DIVAG-AÇÕES

Frio...toupeira do absoluto...Absinto, febre e letargia...Aqui para o meu consolo juvenil-pastoril flexas são sopradas feito bolhas por lábio imberbes de dominicais passeios familiares onde a santa seia se crucifica santificadamente antes da degustação... A morte-paixão-de-cristo ´um regurgitar incessante....folhas caem inocentemente, minhas palpébras estão reclamando algo que os olhos se furtam e se negam, por assim dizer... Refutar a sensibilidade num assalto racionalista-cartesiano... Meu alfato é mais preciso e sincero que o método calarividente das meditabundices cartesianas.

terça-feira, 21 de junho de 2011

METAMORFOSES, LABIRINTOS E POLIFONIAS

- METAMORFOSES , LABIRINTOS E POLIFONIAS -

Cacos do meu ser subvertem o espaço e o tempo
Me transformando em uma realidade metafísica
O sul real explícito na realidade cotidiana
E implícito nas coisas simples me provocam
Dando um comichão na minha alma epicurista-sensitiva
O mundo diluindo-se em caos pela arte
A realidade liquefaz-se e metamorfoseia-se
Mostrando sua transparência ao qual pedantemente
Designamos de essência para o deleite de nossa presunção teórica
Em minhas tripas corre solta uma ânsia sem rumo
Como a toupeira nos labirintos de Kafka
A verdade esta velada no silêncio do mundo que a revela
A revelia dos deuses adormecidos no ópio entretedor da criação
No merecido descanso do sétimo dia sabbath ócio justificado.

ÓCULOS CHAPÉU E BIGODE

- ÓCULOS CHAPÉU E BIGODE -

A Caricatura do gênio
“Em tudo quanto olhei fiquei em parte”
(Fernando Pessoa)

A quem domine as palavras, outrora animal xucro
No cavalgar impossível da imaginação
Com tal destreza e altiva elegância
Que me desprezo dos versos
Que trago ainda incerto sob o peso
De minhas rudes mãos sem visão
Mas tu Fernando, Alberto, Ricardo, Álvaro
Ou quem quer que tenhas sido ou não
Genial criador discreto e silencioso ébrio
Tu escreveu sobriamente a delirante poesia sonhada
Por tuas mão sonâmbulas e inquietas
A poesia desejada do mais vil ao mais nobre poeta
Tu roteirista, ator e platéia dos sonhos
Engendrados e moldados por tuas mãos sublimes
Tu médico de um mundo louco
Viciadamente medicado com doses exageradas
E homeopáticas da normose conformista em arte e em vida
Tu que fingias ser sabendo que não eras sendo
Arte genial e atemporal futuristicamente
E para além da nossa vacuidade criativa.

TELOS TRANSGRESSÃO

- TELOS TRANSGRESSÃO -

Chopin rodopiando suavemente
Nos quatro ventos do meu coração
Esplêndido nada sincronizado do romances
E dos relacionamentos exibidos na novela das seis
Pathos correndo em minhas veias
Feito dionisius vinho impúdico em minha garganta
Minhas idiossincrasias enclausuradas
Na gruta noturna de minha inconsciência
Minha juventude dorme nas mãos esquecidas de deus
Pagão confesso partidário do caos
Aves noturnas da morte
Aves de rapina de minhas selvagens impressões
Enclausuradas e torturadas em meu universo paralelo
Cheio de contradições e contravenções e contra convenções
Nascidos da veemência fremente
Do meu telos transgressão
Poetizar é perverter e submeter ao extremo a subversão
Mistificar o absurdo e crucificar as palavras
A um culto patológico e dogmático
Como os delírios das religiões e das ciências
Em meus sonhos eu vejo o céu sangrando
E anjos sequestrados trocados pela liberdade anarquista
Que a arte reivindica e necessita
Eu vejo um labirinto caindo do décimo terceiro andar
Garganta a dentro do meu corpo
Hospedeiro do caos teofânico da poesia libertina.

TAMBORILA O CAOS

- TAMBORILA O CAOS -

Tamborila o caos em minhas mãos insones
Os sinos das igrejas agouram as últimas horas da tarde
E náuseas ao vento vem contemplar a minha face morna
Eu venho de um lugar distante
Onde os mares ainda desafiam os homens
Que ainda possuem a grande virtude de se admirarem
Com esse velho mundo
Com a intenção subversiva de criar um outro
Não para que se instaure em permanência
Mas que quando erguido possa ser destruído novamente
Acariciado a cuteladas por nosso martelo criador
Modelador escultor de novas realidades
Num absurdo processo ao infinito
E a nossa grande coragem consistirá sempre
Em recomeçar contínua e sem descanso a nossa afirmação.

POEMA VERTIGEM INAUDITO PIVA

- POEMA VERTIGEM INAUDITO PIVA -

“Foi primeiro um estudo. Escrevia silêncios, noites, anotava o
indizível. Fixava vertigens.”
(Rimbaud)

Sete e vinte a noite me comia por dentro
Feito um câncer de odor vertigem
Um calabouço Francis Bacon de víboras peçonhentas
Do meu tédio prenhe de delírios
Me espionava na contramão no corredor da morte epicurista
Meus sentidos desgarrando-se do meu corpo
A procura de uma alma palpável
Para perpetuar minha esperança pastoril
Foi numa noite assim que o noctívago poeta
Insone antropófago de sonambulismos metafóricos
E assombrações urbanas
Descobriu o poeta inaudito dionisius
Dos meus sonhos enclausurados no non sense
Da epifania poética underground
Adormecido nas minhas profundezas
Inaudito Piva pimenta na minha úlcera
Hemorróidas no cu burocrático dos tímidos hipócritas
Inaudito Piva fora da lei
O teu ofício sempre foi a transgressão
Arte de libertação escafandro no mar tenebroso
Mar tenebroso agindo e pervertendo o incauto escafandro
De nossas íntimas introvisões da natureza oculta dos cultos pagãos
Grande xamã do oculto e do místico desdobrar incerto do verso
Hecatombe de palavras vertigens
Em espiral vórtex harmonizando em zigue-zague
O esplendoroso caos da criação
Cataclismo multiforme de sensações
Nuances sonâmbulas dos infinitos espaços interiores
De todos os odores sabores e dês-sabores que adornam a alma do poeta
Incerta alma assecla do ante ascetismo
A multidão é nossa matéria-prima
O nosso barro nobre é a humanidade oculta de cada um.

PIPAS AO ACASO

- PIPAS AO ACASO -

“Ruge Rintrah e agita seus fogos no ar espesso;
Nuvens famintas se debruçam sobre o abismo.”
(William Blake)

Carma desencorpado anjos lombrados num céu niilista
O vôo rasante do meu pensamento
desemboca num infinito abismo absurdo
Das coisas fantásticas aos quais chamamos realidade
Pecados nostros de cada dia
Todos os dias vou eu a teu delicioso reino
Tédio daí-me o enjôo necessário
Para que a arte possa ser expelida
Em meu gozo criador ad majorem gloriam de deus
O eterno retorno do meu desejo criador
Afirmando a ereção de minha vontade de poder
Escorre por minhas mãos um soco
Em tudo aquilo que se submete sem subverter
...Pipas ao acaso em minha alma multifacetada multicolorida
Jorra um fogo incessante equipirósis nóias
Angústias me passeiam fomentando o meu ser
Um girassol de lágrimas adorna um altar
Onde os deuses jogam pôquer
Apostando os destinos humanos
O homem é como uma pipa nas mãos de deus
E o vento lhes parecerá erroneamente a liberdade.

VOZES

- VOZES -
(Esquizofrenia Poética)

O delírio transcende o equilíbrio
Permanece ainda em mim ébria loucura
Em meu passeio subjetivo diário
Onde a hybris expande toda uma ânsia e voluptuosidade
De criador-criatura
Perco-me em ruas de veludo e arame farpado
No meu passado equidistante entro o tédio e a melancolia
Medeia uma espessura menor que a lâmina fria
Dos olhos moribundos e severos da morte
Ebulições de aromas sonoros inundam minha alma de insanidade
Cacofonias cerebrais de imagens-conceitos-palavras
Como as epopeias e teogonias dos antigos aedos gregos
Habita uma sem número de torres de Babel em mim
E em uníssono a vos do caos intensifica
Os decibéis desse vórtex sonoro
Ecoam múltiplas e incompreensíveis línguas
Formando um torvelinho dissonante de gestos miméticos
Transmutando essa sinfonia horrenda em versos
Em meu peito mora uma ânsia
Maior que a fome da morte
Maior que escuridão insondável e imperscrutável
Da vontade de Deus.

DELIRIUM TREMENS

- DELIRIUM TREMENS -

Trago a minha alma pendurada
Tumultuando meu universo interior
Num emaranhado de frangalhos de aço
Num labirinto de lâminas cortantes
Em meus pulsos a marca do suicídio mal fadado
O punho de aço no pandeiro sorumbático
A embalar o ritmo de todos os carnavais
Do meu coração folião em tédio...
Imagens grotescas do delirium
Dostoiévski fuzilado
Minhas mão trêmulas e gritos de horror
Diante do cadáver de Edward munch
Frances Bacon artista autônomo
Pintando auto-retratos
Nas praças ocultas do meu ser convulsivo
Adão sucumbido pela carne
Traumas... minhas chagas do passado desembarcando
Em mim feito passageiros em terminais lotados
Minhas chagas do passado
Procriam-se em meu cérebro e me devoram
Feito piranhas e helmintos no santuário da carne.
Eu me interdito num tédio sem par
Perambulando nas ruas vazia de meu ser inquieto.

O PÃO E CIRCO DOS NOSOS DIAS

- O PÃO E CIRCO DOS NOSSOS DIAS -

Tragam-me as cinas da civilização
Tragam-me as fotos de corpo inteiro
Mandem por e-mail se quiserem
O que restou da nossa evoluída e promissora civilization

Tragam-me os rotos rostos apáticos
Da desfigurada humanidade simiesca
Tragam-me os risos amarelos da plateia
Para o meu universo paralelo
Quero tragar a grandes goles
Toda a nossa apressada contemporaneidade.

Com seus pés calçados em globalizados all star
De liquidação de fim de estoque
Quero o futuro e todo o exagerado consumismo
Quero tudo comprar por impulso
Quero as vacinas milagrosas
Testadas em ratos de laboratório nos reality shows
Quero as células tronco Para plantar árvores
De esperança biotecnológica futurista.

Quero entrar na dança dos famosos decaídos
Quero alcançar os tetos do ibope
Com a minha mais profunda náusea
Quero o non sense de todas as tolas mentes
De fácil domesticação pão e circo
E os palhaços famintos e sem graça
Somos nós meus amigos.

METÁFORA DE UM CAOS SILENCIOSO

- METÁFORA DE UM CAOS SILENCIOSO -

Pôr do sol da alma caída do sonho vão da vida
Jaz inerte a esperança nessa estrada sem saída
Por esse túnel sem luz
(Trafegar as escuras é preciso)

Um pôr de sol de fim de tarde
Vermelho crepúsculo
Arde o sol diáfano da alma
Mar e sol
Areia esvai-se a vida na palma da mão.

Tal como a vejo tal como a desejo
Tal como a idealizo vida
Daí-me trégua...
Léguas e léguas percorridas
Nessa correria que és tú vida.

Leva a água por suas vagas incertas
Na correnteza da sede do saber
Entre as torrentes arrebatadoras das paixões humanas
Leva o meu barquinho de papel jornal
Nenhuma pretensão de nau...
Navegar talvez
naufragar certamente
Num pôr de sol de águas profundas
A enterrar-se em águas claras
Que espelha o radiante sol
Centelha panorâmica da paisagem sul real
Desses versos loucos
A descrever a metáfora de um caos silencioso
Inerte prenhe-mente em mim
emergido de minhas profundezas
Como um monstro submarino.

INSÂNIA

- INSÂNIA -

Tomba a noite sempiterno tédio familiar
Hospício desce sobre mim a realidade
E todo movimento caótico do cosmo
A praga heraclitiana silencia
O rio que não entramos
O ser que nunca somos os mesmos em momento algum
Episteme impossível panta rei-inércia
Monismo ou múltiplos princípios
Eternos retornos me perseguem ad infinitum
Enquanto isso Nietzsche ao meu lado dançando e sorrindo
No seu bailar filosófico cambaleante
Conta em meu ouvido piadas sobre todos os filósofos sérios
E eu que não sou filósofo sério
Mas poeta louco e maldito
Me regozijo por ter sido expulso da república de Platão.

Barbalha, 2009.

O TEATRO INTERIOR DO DELÍRIO

- O TEATRO INTERIOR DO DELÍRIO -

Atravessa a noite no delírio cósmico da criação

O poeta rega no escuro seus devaneios seus sonhos

Beija-lhes a fronte canta um fado

Para embalar o sono do verso

Criança traquina que teima em aparecer em horas impróprias

A noite urge dentro do poeta

O grande teatro noturno da criação e do delírio

Abre suas cortinas de fantasias fantasmagóricas

Espelhos de espectadores atores

Tumultuam isso que nós convencionalmente chamamos de eu

Impuro o desejo do poeta quer sempre apossar-se

Destruir conquistar e reconstruir

E a todo agrande desejo a afirmação é sempre uma prerrogativa

Um imperativo categórico mais decente

Um barro mais nobre é aqui modelado

Por entre a agonia e o sublime.